Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

IDEOLOGIA DO CONSENSO -O UNIVERSO LINGUÍSTICO DO PODER (3)

Terceiro  número da série IDEOLOGIA DO CONSENSO - O Universo Linguístico do Poder


Sobreviver ao neoliberalismo, também aqui, obriga a um corte com as interferências linguísticas e uma luta quotidiana contra a reprodução dos discursos dominantes que pretendem formatar-nos de acordo com os seus interesses. Estamos assim na presença de uma luta cultural, questionando o sentido e o significado de tudo que nos rodeia. A austeridade, não é um mero palavrão: cria um exército de desempregados e famintos, de cidadãos sem direitos, produto de uma obsessão política e não de uma fatalidade económica.
É neste território da linguística de um neoliberalismo pronto a servir, que habitam a mentira, a demagogia e uma dimensão totalitária e indecorosa da política. É pois desejável ressignificar as coisas, o mundo e a sociedade, pugnando pela construção de um modo alternativo ao modelo neoliberal, numa época em que a distinção entre capitalismo e democracia parece ter sido esbatida e a liberdade reduzida a uma estratégia de mercado.
A propalada crise europeia é o exemplo paradigmático do confronto entre a realidade e o fundamentalismo neoliberal delirante. Insistir no reequilíbrio das finanças públicas como a solução para a depressão na qual se afunda perigosamente a zona euro devido às políticas de austeridade generalizada é uma mistificação grosseira. Esta fraude, e a inevitável decepção que se seguirá, à medida que a crise se aprofunda, será o toque de finados na credibilidade do discurso europeísta. Ao menorizar os cidadãos e adormecê-los como camelos recém-nascidos, os líderes europeus pretendem legitimar a farsa democrática.
Os ziguezagues e a reinvenção da linguagem não conseguem disfarçar o óbvio. À medida que as nuvens negras do autoritarismo neoliberal se alojam no território social, milhões de trabalhadores são tornados dispensáveis como resultado da ferocidade de políticas de austeridade. Os Bancos e as agências de risco adquirem direitos de propriedade sobre tudo e todos.
 

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