IDEOLOGIA DO CONSENSO -O UNIVERSO LINGUÍSTICO DO PODER (3)
Terceiro número da série IDEOLOGIA DO CONSENSO - O Universo Linguístico do Poder
Sobreviver ao neoliberalismo, também aqui,
obriga a um corte com as interferências linguísticas e uma luta quotidiana
contra a reprodução dos discursos dominantes que pretendem formatar-nos de
acordo com os seus interesses. Estamos assim na presença de uma luta cultural,
questionando o sentido e o significado de tudo que nos rodeia. A austeridade,
não é um mero palavrão: cria um exército de desempregados e famintos, de
cidadãos sem direitos, produto de uma obsessão política e não de
uma fatalidade económica.
É neste território da linguística de um
neoliberalismo pronto a servir, que habitam a mentira, a demagogia e uma
dimensão totalitária e indecorosa da política. É pois desejável ressignificar
as coisas, o mundo e a sociedade, pugnando pela construção de um modo
alternativo ao modelo neoliberal, numa época em que a distinção entre
capitalismo e democracia parece ter sido esbatida e a liberdade reduzida a uma
estratégia de mercado.
A propalada crise europeia é o exemplo paradigmático
do confronto entre a realidade e o fundamentalismo neoliberal delirante.
Insistir no reequilíbrio
das finanças públicas como a solução para a depressão na qual se afunda
perigosamente a zona euro devido às políticas de austeridade generalizada é uma
mistificação grosseira. Esta fraude, e a inevitável decepção que se seguirá, à
medida que a crise se aprofunda, será o toque de finados na credibilidade do
discurso europeísta. Ao menorizar os cidadãos e adormecê-los como camelos
recém-nascidos, os líderes europeus pretendem legitimar a farsa democrática.
Os ziguezagues e a reinvenção da linguagem
não conseguem disfarçar o óbvio. À medida que as nuvens negras do
autoritarismo neoliberal se alojam no território social, milhões de
trabalhadores são tornados dispensáveis como resultado da ferocidade de
políticas de austeridade. Os Bancos e as agências de risco adquirem direitos de
propriedade sobre tudo e todos.
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