Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

terça-feira, 18 de novembro de 2014

IDEOLOGIA DO CONSENSO (10)



AS DESIGUALDADES

As desigualdades mais gritantes estão estruturalmente entrincheiradas e simuladas no universo da demagogia. Para o neoliberalismo, qualquer tentativa de justiça social torna-se inócua por que novas desigualdades fatalmente ressurgirão. “A desigualdade é um estimulante que faz com que os mais talentosos desejem destacar-se e ascender ajudando dessa forma o progresso geral da sociedade. Tornar iguais os desiguais é contraproducente e conduz à estagnação”.

A este propósito, vale a pena recordar Pierre Bourdieu quando refere que uma das estratégias da sociedade e da cultura neoliberal é simplesmente não atribuir significado a alguns grupos, o que faz com que não existam. Desta forma, não atrapalham a vida dos que podem desfrutar as benesses da sociedade de consumo. Ninguém tem dúvidas de que o projeto neoliberal hegemónico hoje é excludente.
O individualismo exacerbado, a corrupção endémica, a sacralização do mercado e a apologética da privatização como desígnio ideológico, preenchem o ego dos fundamentalistas neoliberais. As crises são apontadas como o resultado da acção perniciosa dos Sindicatos e das subsequentes cedências do Estado. Daí a inevitabilidade da liquidação de todas as conquistas sociais.
É com este tipo de argumentos que se manipula, amolece e anestesia a opinião pública. A Troika, representada em Portugal pelo governo PSD/CDS, vangloriou-se, recentemente, do elevado sentido realista, ordeiro e patriótico do povo português e do “histórico” acordo alcançado, em sede de concertação social, e do qual esteve afastada a CGTP, a mais importante força sindical.

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