IDEOLOGIA DO CONSENSO (10)
AS DESIGUALDADES
As desigualdades mais gritantes estão
estruturalmente entrincheiradas e simuladas no universo da demagogia. Para o neoliberalismo, qualquer tentativa de justiça social torna-se inócua
por que novas desigualdades fatalmente ressurgirão. “A desigualdade é um
estimulante que faz com que os mais talentosos desejem destacar-se e ascender
ajudando dessa forma o progresso geral da sociedade. Tornar iguais os desiguais
é contraproducente e conduz à estagnação”.
A este propósito, vale a pena recordar Pierre Bourdieu
quando refere que uma das estratégias da
sociedade e da cultura neoliberal é simplesmente não atribuir significado a
alguns grupos, o que faz com que não existam. Desta forma, não atrapalham a
vida dos que podem desfrutar as benesses da sociedade de consumo. Ninguém tem
dúvidas de que o projeto neoliberal hegemónico hoje é excludente.
O individualismo exacerbado, a corrupção endémica, a sacralização do mercado
e a apologética da privatização como desígnio ideológico, preenchem o ego dos
fundamentalistas neoliberais. As crises são apontadas como o resultado da acção
perniciosa dos Sindicatos e das subsequentes cedências do Estado. Daí a
inevitabilidade da liquidação de todas as conquistas sociais.
É com este tipo de argumentos que se manipula, amolece e anestesia a opinião pública. A Troika, representada em Portugal pelo governo PSD/CDS, vangloriou-se, recentemente, do elevado sentido realista, ordeiro e patriótico do povo português e do “histórico” acordo alcançado, em sede de concertação social, e do qual esteve afastada a CGTP, a mais importante força sindical.
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