Nós, da CONCP, queremos que nos nossos países martirizados durante séculos, humilhados, insultados, nunca possa reinar o insulto, e que nunca mais os nossos povos sejam explorados, não só pelos imperialistas, não só pelos europeus, não só pelas pessoas de pele branca, porque não confundimos a exploração ou os factores de exploração com a cor da pele dos homens; não queremos mais a exploração no nosso país, mesmo feita por negros. Lutamos para construir, nos nossos países, em Angola, em Moçambique, na Guiné, nas Ilhas de Cabo Verde, em S. Tomé, uma vida de felicidade, uma vida onde cada homem respeitará todos os homens, onde a disciplina não será imposta, onde não faltará o trabalho a ninguém, onde os salários serão justos, onde cada um terá o direito a tudo o que o homem construiu, criou para a felicidade dos homens. É para isso que lutamos. Se não o conseguirmos, teremos faltado aos nossos deveres, não atingiremos o objectivo da nossa luta”. AMILCAR CABRAL

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

IDEOLOGIA DO CONSENSO (13)

A ideia de que não existe alternativa à austeridade, e aos memorandos de entendimento, com os agiotas internacionais bem como à cruel transferência de riqueza dos pobres e da classe média para os ricos e os privilegiados, é ferozmente difundida pelos média dominantes.
A propósito dos “comentadores de serviço” e de um certo jornalismo ancorado numa demagogia subserviente, recordo Paul Nizan : “encenadores da realidade social e política, interna e externa, deformam-na continuamente. Servem os interesses dos senhores do mundo. São os novos cães de guarda”.
O direito à luta, à indignação, à greve e à manifestação é cinicamente reconhecido pelo Poder para, logo a seguir, recordarem que este é o momento de todos ajudarem o país a sair da crise! Nesta cruzada também estão presentes os novos cães de guarda.
Procuram seduzir as vítimas a desculpabilizarem os seus carrascos e abandonar a luta. Quem não se recorda da visita de Passos Coelho à Sicasal que por “mera coincidência” aconteceu no momento duma greve geral? Num tom grandiloquente reconheceu o direito à greve para, logo de seguida, reafirmar o cliché “este é o momento de produzirmos, de ajudarmos o país a vencer as dificuldades”. De quem? Dos banqueiros?
Como diz Mészáros, a necessária função aglutinadora da ideologia dominante se torna tanto mais evidente (e significativa) se nos lembrarmos de que mesmo suas variantes mais agressivas - do chauvinismo ao nazismo e às mais recentes ideologias da direita radical – devem reivindicar a representação da maioria esmagadora da população contra o “inimigo” , bando de agitadores que, supostamente, são a causa de greves, inquietação social e assim por diante.

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